segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Alemanha outra vez

Dia desses eu pensei. 2011 chegando, a gente precisa sempre se planejar, começar outros ciclos. Pelo menos é o que dizem. Mas por que não voltar a lugares de onde você nunca quis sair? Também vale, não é?

Estou decidido. Minhas próximas férias serão na Alemanha, pra lotar essas páginas. Essa já era uma vontade desde quando deixei o país, em fevereiro deste ano. Pois bem. Bati o martelo. Agora é juntar um pouco mais de dinheiro... rsrs

abraços!

sábado, 6 de novembro de 2010

As primeiras páginas

Comprei um livro de um autor alemão que eu já conhecia, o Schopenhauer, mas não pelo nome dele e sim pela sacudida que levei logo nas primeiras páginas. Diziam o seguinte:

"Os professores ensinam para ganhar dinheiro e não se esforçam pela sabedoria, mas pelo crédito que ganham dando a impressão de possuí-la. E os alunos não aprendem para ganhar conhecimento ou se instruir, mas para poder tagarelar e ganhar ares de importantes."

E aí? É uma crítica dura, sem dúvida. É como se todos obedecêssemos a lógica do mercado e utilizassemos nossos livros somente para sermos socialmente aceitos como eruditos, cultos e, assim, alcançarmos não uma formação melhor, mas uma posição na sociedade. Isso foi escrito no século XIX, claro, mas será uma verdade ainda hoje? Talvez não absoluta, só que dá pra refletir a respeito...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Imprevisto

O tempo escasso já dificulta um pouco a atualização do blog. Agora piorou porque sofri um acidente de moto e só consigo digitar com a mão esquerda. Espero melhorar logo e postar algo novo o mais breve possível.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Alemão

Olha, vou contar uma história.... Todo dia que é dia de aula de alemão eu me preparo psicologicamente. É preciso ter atenção aos detalhes, à forma literal como as palavras se conjugam com as situações que expressam, se entendem, se combinam... não que seja exatamente complicado, mas requer um pouco mais, digamos, de concentração. Dá prazer também, embora seja uma prazer ligado ao esforço. Esforço mental e físico, claro...

Só quero mesmo pensar agora em "Wochenende" (fim de semana)... rsrsrs...

Abraço!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Universidades na Alemanha

Dia desses uma colega me indicou uma reportagem no portal G1, da Globo, sobre universidades alemãs interessadas em estudantes brasileiros para intercâmbio. Bom, resolvi compartilhar essa informação aqui na internet. O endereço é o seguinte:

http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2010/07/universidades-alemas-procuram-alunos-brasileiros-para-intercambio.html

Lá também é possível encontrar o link do site do DAAD, Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico.. Já mencionei ele aqui no blog e é um dos melhores portais para se obter orientações a respeito de bolsas de estudo em Deutschland.

É isso... os dias têm sido agitados, mas a gente consegue se virar.

Abraço!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O tempo

Olha, confesso não ter imaginado, pelo menos há uns dois meses, que o tempo ficaria tão curto. A sensação é de que os dias estão cada vez menores. Tenho feito força para manter algumas coisas na internet sempre atualizadas, mas espero e desejo me empenhar mais em relação ao blog. Peço desculpas às pessoas que porventura venham aqui e não encontrem nada de interessante ou novo. Pretendo mudar isso daqui pra frente. O negócio é tocar o barco, não é?

Bom, aproveito a oportunidade para dizer que fiz alguns contatos recentemente na Alemanha e me informaram um outro site sobre programas de estudo lá. O endereço é o seguinte:

http://www.inwent.org/index.php.en

A página está em inglês, mas também tem a opção para o alemão. Vale a pena dar uma olhada. Há várias orientações.

A propósito, uma outra instituição vai abrir em agosto inscrições para jovens jornalistas interessados em estágios na Europa. Assim que eu tiver o endereço correto publico aqui.

Abraço a todos!

sábado, 15 de maio de 2010

Mudanças

Faz tempo que não escrevo nada e ontem um amigo me lembrou disso. Não posso perder de vista o objetivo do blog. Enfim, mas ando pesquisando algumas coisas interessantes para postar nos próximos dias. Tem bolsa de estudo chegando por aí para estudantes interessandos em fazer carreira acadêmica no exterior e também estágios...

No mais, tenho passado por uma fase de mudanças e não apenas de ordem profissional. Mas vou deixar essa conversa para uma outra hora...

Abraço!

terça-feira, 30 de março de 2010

Intercâmbio Acadêmico

Não sei se vocês conhecem, mas para quem tem algum interesse em fazer um intercâmbio acadêmico em qualquer área na Alemanha, aqui vai uma sugestão: o site do DAAD (abaixo)

http://rio.daad.de/

Na página há informações detalhadas sobre como se candidatar a bolsas de estudo, como entrar em contato com instituições estrangeiras, etc. Esse departamento tem link direto com os alemães e é muito requisitado pelos estudantes brasileiros. Eles também promovem eventos. No site tem inúmeras datas de palestrar e seminários onde o DAAD é parceiro.

A professora do "apertador de botão"

Um dia, ainda no primeiro semestre de faculdade, acabei ficando muito amigo de uma professora (ou achando isso, claro). Normal, não é? Trocávamos ideias praticamente todos os dias e ela me disse para investir mesmo na carreira de jornalista porque não havia achado erros no meu texto, o que era um bom sinal; um bom começo de conversa pelo menos. Isso me fazia ir para casa com vontade de voltar àquela sala de aula.

Um outro dia, no entanto, essa mesma professora virou as costas para mim quando decidi não obedecer suas orientações de seguir por um caminho que seria o "melhor". "Você foi mordido pela mosca azul", ouvi. Daquela noite em diante, nunca mais escutei sequer uma palavra de carinho dela. Aliás, passei de estudante comprometido a aluno desatento, cheio de complexos e com sérios problemas psicológicos. Não que isso seja necessariamente algo ruim, mas faz sentido uma pessoa mudar a água para o vinho de um dia para o outro? Sei lá... só sei que os dias tomaram rumos diferentes desde então.

Decidi não me importar. E não me importando consegui tudo o que quis sem tentar explicar que o Maurício que continuava a faculdade era o mesmo que havia começado. Isso é muito difícil. Não dá para convencer certas pessoas quando elas estão na maturidade e você na juventude. As suas opiniões e posicionamentos costumam parecer menos importantes, mais ingênuos e, portanto, descartáveis.

Enfim... fato é que tracei objetivos concretos e corri atrás de cada um deles. Fiz isso em silêncio porque descobri que só em silêncio é que eu conseguia sonhar sozinho. E já que os meus sonhos soavam tão produto de uma loucura contida, convenhamos, era o melhor a fazer. Daquele jeito eu poderia me concentrar de verdade nas coisas que valiam a pena e nos poucos amigos que queriam me estender as mãos.


O "apertador de botão"

Mas um belo dia, daqueles que a gente sabe que alguma vai acontecer porque está tudo dando certo demais, fui chamado à realidade quando um amigo me disse que um outro amigo me achava apenas um "apertador de botão" (com algumas gargalhadas ao fundo). Eu tinha ganhado o título depois que alguém me viu na porta da rua da redação onde eu estagiava abaixando o volume para o repórter escutar a voz do apresentador.

Era para eu ter me ofendido? Muitos disseram que sim... mas não... sabe por quê? O que me diferencia, de verdade, de pessoas que precisam e devem apertar botões? A minha formação intelectual? A família onde cresci? Isso pode até justificar diversidade, mas nem de longe significa que estou um degrau acima. Até porque não sou um rótulo antes de ser gente. Nenhum de nós o é. Portanto, sou mesmo feliz apertando botões... se o que faço é escrever e inventaram computador para essa atividade, preciso mesmo é largar papel e caneta, não acha? Vou digitar. E tecla, cá pra nós, também é quase botão...

domingo, 14 de março de 2010

A virada de mesa

Ainda me lembro do dia em que pisei na faculdade. Foi um dia feliz, embora nem de longe naquele contexto imaginasse as coisas que aconteceriam depois. Mas nem é tão bom a gente saber, não é? Perde toda a graça. Se bem que muito do que vivi não teve graça alguma. Essa parte (ou seriam essas partes?), no entanto, resolvi ignorar... Ignorar, não esquecer, claro. Esquecer é um processo, digamos, mais demorado, menos atrelado a minha vontade.

Enfim, não é hora falar disso. É hora de falar de oportunidades e de pessoas que dão oportunidades sem querer definir onde você deve chegar, ou onde você deve estar. Pois é... Isso aconteceu comigo mais uma vez, o que me fez entender que 2010 começou como jamais imaginei que começaria. Não sei explicar. Estou, de fato, tão agradecido à vida... a Deus... bateu um orgulho de ter tentado o que tentei, de ter virado as costas para forças contrárias, de ter acreditado, de ter tido força de vontade, enfim, de ser quem eu sou.

Entendi, portanto, que consegui virar a mesa. E tudo aconteceu com a ajuda de amigos. Como é bom ter amigos, especialmente quando eles te surpreendem e trazem uma notícia que você tanto esperava! Obrigado!!!!

Boa semana pra todo mundo!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Dreingau Zeitung

Engraçado... fazia algum tempo que eu nem ía ao site do "Dreingau Zeitung", o jornal local de Drensteinfurt, na Alemanha, mas hoje resolvi fazer isso e acabei encontrando a matéria que publicaram sobre a minha visita.

http://www.dreingau-zeitung.de/index.php?id=24&no_cache=1&tx_ttnews%5Btt_news%5D=1564&tx_ttnews%5BbackPid%5D=10

O título quer dizer, mais ou menos, que nunca senti tanto frio como em Deutschland e o texto narra a maior parte das minhas opiniões sobre o país, a cidade, o clima, a comida, enfim, a cultura.

terça-feira, 9 de março de 2010

"Miss Potter"

Não sei quando exatamente deixei de acreditar nas histórias fantásticas de mundos paralelos e animais falantes, mas faz algum tempo. No último fim de semana, no entanto, "conheci" uma mulher chamada "Miss Potter" que me mostrou uma série de outras possibilidades. Ela não só escrevia sobre os bichos, como pintava e conversava com eles.

Isso foi um filme, claro, só que me surpreendi com forma como Beatrix Potter, uma artista do início do século XX, enfrentou a própria família e rejeitou algumas convenções da sociedade inglesa daquela época. Não faço aqui um comentário sobre a fantasia da obra, mas sobre a luta da escritora, que sonhou, buscou e, inclusive, conseguiu publicar seu primeiro livro sem qualquer apoio de parentes. A mãe, aliás, desejava para a filha apenas um casamento com alguém da corte.

Beatrix, no entanto, quis mais da vida e, como dá para imaginar, acabou se apaixonando pelo rapaz que editou sua primeira publicação. No contexto do longa, ela tinha 32 anos e muita convicção de que jamais se casaria. Vou parar por aqui porque vai perder a graça... hehehe...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Deutsche Welle

De repente, hoje abri o meu email e recebi uma notícia que interessa, naturalmente, aos jornalistas e, eventualmente, estudantes de jornalismo. A Deutsche Welle está com um programa de estágio aberto para 2011. O prazo de inscrições termina no dia 30 de junho deste ano. Sugiro que dêem uma olhada no site. Está tudo em Português, embora haja uma certa exigência do domínio pelo menos básico do Alemão:

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,1943549,00.html

A experiência é no escritório da emissora em Bonn e atende à comunidade Portuguesa na Europa. Tive a oportunidade de passar pela região porque ficava no mesmo estado (Vestfália), mas foi bem rapidinho. O que posso dizer é que é uma cidade de aparência bastante industrializada, médio porte e bem próxima a Colônia (Köln). Boa sorte!

terça-feira, 2 de março de 2010

Possibilidades

Mesmo com o meu retorno ao Brasil, pretendo continuar com o blog porque há uma série de coisas que preciso fazer aqui com o "link" direto na Alemanha. A primeira delas é escrever para o jornal da diocese de Governador Valadares. Depois, como permaneço em contato com o pessoal da universidade de Dortmund, vou enviar esse material para lá. Eles também querem ter acesso ao que for publicado por aqui a respeito da minha viagem.

No mais, sempre vou postar alguma curiosidade ou informação sobre cursos na europa, bolsas de estudo, seminários envolvendo jornalismo, cultura, etc.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O fim e o começo


Restam agora poucas horas de Alemanha. Olhei para o calendário há pouco e mal posso acreditar que o mês passou tão rápido. De qualquer forma, o tempo aqui também foi um tempo de experiências que não vão durar apenas 30 dias. Aliás, até acho que as possibilidades são muitas de haver algum retorno em 2011 e com outros objetivos. Vamos ver.

Mas como é o último texto que escrevo em Deutschland, já que o voo para o Brasil é amanhã e pego o trem na hora do almoço para o aeroporto de Frankfurt, gostaria outra vez de agradecer às pessoas que tanto me ajudaram aí em Governador Valadares nessa viagem (Harley, Teresinha, Dom Werner, Divina e, claro, família).

Assim como o apoio dos alemães foi importante (crucial!), ele jamais existiria se não tivessem existido amigos aí para me estender as mãos (incluo aqui os meus pais e minha irmã). E isso é muito raro. Diria, por sinal, que está cada vez mais distante da nossa realidade, uma vez que a maioria das pessoas se acostumou a apenas assistir o fracasso ou o sucesso, sem sequer levantar um dedo. Ser plateia, no entanto, é fácil demais.

Só que agora acho que posso fazer por outros colegas o que sempre sonhei que tivessem feito por mim: oferecer, quem sabe, contatos. Conheço jornais, redatores, TV, repórteres, etc. Fica mais fácil caso alguém queira tentar algo semelhante por esse lado da Europa.

No mais, sinto que tudo acabou foi de começar. Esses dias aqui com os Siebenbrock (Foto/ jantar Turco) serviram para abrir portas e amadurecer, inclusive, os meus planos. Não dá para contar tudo em poucas linhas, mas fato é que entro agora em uma nova fase de vida.

Lembro que desde que cheguei à faculdade, por exemplo, estudo línguas e queria estagiar fora do país. Queria e consegui. Portanto, o momento é de renovar as expectativas e ideias. Afinal, estou no marco zero denovo. Mas o relógio já começou a correr, nem tenham dúvidas disso. Esse ano ainda promete muito. É hora de voltar aos cadernos, desenvolver novos projetos, rir um pouco mais, perder menos tempo com conversa fiada e, então, encerrar as atividades na universidade.

Enquanto isso não acontece, fico por aqui com um papel e caneta porque hoje ainda quero escrever. Minha cabeça não para, não adianta... hehehe... é muita felicidade... um abraço e até no Brasil!!!!!!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O artigo

Depois de muito esforço principalmente de um amigo meu aqui, Daniel Drepper, e do pessoal dos jornais também, claro, o nosso artigo ficou pronto. Já foi enviado e a publicação deve sair amanhã. Mal posso esperar para ver como ficou. Meu nome estará em um impresso alemão e não mais como personagem, mas como redator, "repórter".

No mais, hoje visitei a capital da Vestfália e amanhã retorno a Münster para um último passeio. Aliás, último por agora porque ainda podem acontecer muitas coisas...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Os jornais e a TV


Como dá para imaginar, ontem foi um dia de muitos compromissos oficiais e horários milimetricamente planejados. Nada podia sair do lugar. O melhor foi que tudo correu bem. Visitei a sede do escritório onde estou aqui em Drensteinfurt (Westfälische Nachrichten), que fica em Münster, outros dois impressos de circulação regional (Westfälische Anzeiger e Dreingau), e ainda a TV WDR (Westdeutschen Rundfunk), "filial" da ARD de Berlim.

Não vou narrar detalhes da "maratona". Vou pontuar apenas algumas diferenças interessantes que notei e o modo como as redações se planejam com antecedência em determinadas circunstâncias.

***

Bom, nos dois primeiros jornais, o Anzeiger e Dreingau, as coisas são bem parecidas com o Brasil e a realidade de Governador Valadares. São lugares de médio porte, equipe reduzida e muita neve para noticiar (a parte da neve a gente isola... hehehe).

Na TV é que vieram várias surpresas. Não há mais operadores de câmera de estúdio aqui. Tudo é feito por quem está no "master". Eles usam controle remoto para redirecionar a lente e ajustar o foco. Além disso, a tecnologia, naturalmente, é toda digital, desde os monitores à transmissão. A aparelhagem é um show!

Durante a visita, uma das chefes de redação, Birgit Benesch, teve um pouco de tempo para sentar e conversar comigo. Explicou como é a rotina de reuniões de pauta e que o jornalismo deles, neste momento, está tentando achar fontes que possam explicar as confusões do tempo. É que o povo quer saber por que num raio de 15 anos a neve não chegava até os municípios da Vestfália e agora não arreda o pé.

Fora isso, o curioso também é que os jornalistas se reúnem inúmeras vezes separadamente, em grupos de dois, dependendo do horário e do volume de serviço, e em seguida fazem um encontro com o chefe para decidir o que vai ao ar ou não.

Outro detalhe: na Alemanha ainda existem os redatores. Eles auxiliam o trabalho da edição e, claro, contribuem substancialmente para agilizar o trabalho de todo mundo.

***

O quarto e último compromisso do dia foi na sede do Westälische Nachrichten (foto). Meu Deus! Merece sim uma exclamação porque o lugar é perfeito! Nesses três anos de faculdade de jornalismo eu nunca tinha pisado em uma redação tão grande, tão diversificada e tão silenciosa. Não sei como é no eixo Rio de Janeiro - São Paulo, não conheço, mas me surpreendi aqui.

A construção de dois andares, além de abrigar todas as editorias, é onde o jornal é impresso. Aliás, essa parte do prédio é gigantesca, cheia de máquinas e mais máquinas. Peguei a edição de hoje fresquinha. Vou levar comigo para o Brasil.

Abraço!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A última quarta-feira

Nos primeiros dias aqui na Alemanha, a impressão era de que o mês demoraria a passar e que a saudade atrapalharia a rotina. Saudade até houve, e muita, mas o tempo voou, desapareceu, nem lembra sequer o meu nome.

Só que a minha última quarta-feira na Europa promete ser um dos dias mais importantes de toda a viagem; preciso me concentrar apenas nisso.

Pela manhã visito dois jornais estaduais (tipo nosso Hoje em Dia e O Tempo) e na hora do almoço sigo para o estúdio de TV da WDR (Westdeutschen Rundfunk) que é uma espécie de "filial" da ARD (canal livre com sede em Berlim), justo quando a edição está para ir ao ar. Não sei como será e se terei acesso a tudo. As pessoas por aqui, no entanto, são bastante organizadas e o agendamento foi feito com antecedência.

De qualquer forma, há ainda mais o que comemorar. Amanhã também é quando eu e o jornalista da universidade de Dortmund nos juntamos para escrever um artigo. O trabalho é uma espécie de conclusão de todas as atividades propostas pela redação do Weltfälische Nachrichten (Notícias da Vestfália) até o momento. O nosso texto será publicado em um impresso estadual e outro local com a assinatura dos dois.

Como se não bastasse, à noite tenho um encontro com outros repórteres de Münster. É o último, eu acho. Ao poucos, como vêem, vou me despedindo daqui e das pessoas que tanto me ajudaram. E não foram poucas.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O carnaval e o piano

A noite desta segunda-feira de carnaval não poderia ter terminado de forma menos inusitada para mim: em uma sala de estar de um dos vizinhos da família Siebenbrock, ao som de concertos e no conforto de uma lareira. Pode? Heheheh...

Mas a verdade é que mais cedo estive em Münster e vi a festa que os alemães fazem. Em síntese, eles saem às ruas fantasiados enquanto carros alegóricos passam com pessoas jogando balas, bombons, chicletes, pipoca, etc. É bem interessante, embora completamente diferente do nosso.

A coincidência foi eu encontrar um grupo de brasileiros sambando no meio da rua. Parei para conversar e já fui convidado a fazer parte da festa também. Estou com tanta saudades que fiquei parado escutando a bateria quase uma hora.

Bom, amanhã posto fotos porque hoje o sono chegou mais cedo.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

A "catástrofe" de Ravensbrück


Parece mesmo que hoje era o meu dia de sorte. Impossível definir de outra forma. Não repare no título. Vou explicar o porquê. A história é um pouquinho longa.

***

Decidi ontem que iria até Ravensbrück, um campo de concentração a cerca de 100km de Berlim. Foi onde Olga Benario morreu e foi também o maior feito só para mulheres. Já dá para imaginar a minha ansiedade, não é?

Todo animado, acordei cedo e peguei o trem às 8h44, no centro da cidade. O problema já começou por aí. É que não existe, na verdade, linha direta com Ravensbrück. Tive de descer em uma estação antes e caminhar praticamente uma hora sob e sobre uma neve pesada.

A vila onde comecei essa jornada chama-se Fürstenberg. Vila não, apenas um pequeno município de pouco mais de 5 mil habitantes. De lá, segui por uma dezena de curvas, retas, muito gelo e pouca gente. O lugar estava deserto. Quando dava a sorte de encontrar alguém, o papo era até bacana, mas eu precisava continuar senão perderia a viagem de volta.

Assim foi até a entrada de Ravensbrück, tão ampla e triste como milhares de vezes imaginei. Porém, outra vez nada de gente. Só o silêncio, uma paisagem opaca, um céu cinza e a minha velha boa vontade, claro.

Caminhei por uma trilha pequena até a recepção. Depois, encontrei um homem que limpava a escadaria e pedi para entrar no museu. Vi as fotos das vítimas da loucura alemã durante a segunda guerra mundial. Procurei por Olga, mas não achei. No entanto, o nome dela consta nas listas da internet. Uma pena não ter nada em Ravensbrück.

Mas o pior ainda estava por vir. Como não havia ninguém para me ajudar na visita ás casas onde as mulheres dormiam e trabalhavam, fui sozinho. Sozinho mesmo! Só que a surpresa veio antes mesmo do passeio começar. Os meus pés afundaram de uma vez pelo menos uns 50 centímetros. Pensei em voltar, porém, continuei. Apressei o passo.

Enquanto me aproximava do primeiro barracão, uma placa de todo tamanho indicou que a entrada era proibida. Soube ali, então, que no inverno os campos de concentração não ficam abertos ao público. Depois, uma outra mulher me contou que é por falta do Heizung (aquecedor).

Enfim, a questão é que aí eu percebi uma catástrofe. Minha câmera fotográfica com todas as imagens e vídeos de Berlim tinha caído na neve. Sinceramente, não consigo descrever o meu desespero. Ía de um lado para o outro e não sabia a quem pedir ajuda. Aliás, não tinha viva alma por perto. Só eu, no meio de um campo de gelo e sem ter a menor idéia do que faria.

Bom, fato é que, após correr e ter o joelho afundado num "freezer", encontrei o que havia perdido. Para mim, foi um milagre, literalmente. Meu dia ali, à princípio, tinha acabado. Mas não.


A guerra e as bodas de ouro

Chamei um táxi porque estava muito cansado e cheguei à estação para voltar à Berlim. Foi então que um casal muito simpático se aproximou e perguntou de onde eu era. Disse "Brasil" e os dois caíram na gargalhada. Adoraram a notícia e começaram a me contar o porquê.

Friederich e Elizabeth Lessmann se casaram em 1958 e foram no mesmo ano para Brasil em uma missão de cooperação no Rio Grande do Sul. Lá tiveram três filhos e seis anos depois retornaram à Alemanha. Mas essa não é a melhor parte. A melhor parte é que o pai dela foi soldado e trabalhou para Hitler, infelizmente.

A senhora fez questão de se sentar perto de mim no trem e me contou uma longa e bonita história de amor e resistência.

Ela viveu a segunda guerra mundial e o marido também. Escutaram os canhões. Ambos tiveram que fugir do país porque o Terceiro Reich havia prometido vitória, mas não conseguiu. Segundo os Lessmann, quase todos os dias um megafone com a voz de Hitler passava pelas ruas dizendo que a nova potência do mundo seria germânica. Uma mentira que, nos anos de 1940, seria descoberta.

No entanto, essa mentira fez a família de Friederich andar uma semana até um país vizinho em busca de abrigo. E também fez a família de Elizabeth correr de porta em porta pedindo ajuda a amigos para fugir do país.

Bom, os dois foram simplesmente muito simpáticos e estão juntos há cinco décadas. Fizeram questão de me mostrar os anéis das bodas de ouro como uma relíquia de sobrevivência ao confronto, embora fossem crianças no tempo do Nazismo.

Não vou escrever mais porque quero ajeitar as idéias e fazer algo à altura do que me foi dito. Mas dá para ter uma noção de que, no final das contas, o dia não foi tão ruim.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Berlim de Wolf Biermann


Embora a pontualidade tenha sido deixada de lado na noite da última quarta-feira pela maior parte dos convidados da Câmara de Representantes de Berlim, pelo menos uma dezena de políticos influentes da cidade se reuniu para oficializar uma pintura do cantor e compositor Wolf Biermann como Retrato de Cidadão Honorário (Ehrenbürger Porträt).

O quadro será exposto em uma galeria do prédio junto a diversos monumentos em lembrança a pessoas historicamente importantes para o município. Por um milagre e muita sorte, eu estive no evento, junto com alguns jornalistas da imprensa local (TV, impresso e agências de notícias).

A apresentação da obra e do autor dela, Ronald Paris, que tem trabalhos na Galeria Nacional, em Dresden, e até no Museu de Bellas Artes de Leipzig, foi feita por ninguém menos do que o presidente da Casa, Walter Momper. Entre o início e o meio do discurso, ele pontuou que o que faziam era apenas um "gesto de Berlim" para alguém de tanta coragem. Fez questão de agradecer várias vezes.


A história

Wolf Biermann trabalhou de 1957 a 1959 com o dramaturgo e crítico do sistema capitalista, Bertold Brecht, e escreve poemas e músicas desde a década de 1960. O pai foi morto em Auschwitz, em 1943, por ser judeu e por defender ideais libertários.

Desde então, Biermann se estabeleceu na política de uma forma mais ativa. Nos anos em que a Alemanha esteve dividida pelo muro de Berlim, por exemplo, ele se dedicou a criticar o extremismo da Deutsche Demokratische Republik (DDR), República Democrática Alemã (RDA), e acabou expulso do lado oriental (Ost), mesmo sendo comunista convicto. Suas canções e poemas foram vetados.

Anos depois, no entanto, o país foi reunificado e Wolf Biermann voltou a cantar e compor para uma terra só outra vez. Mesmo assim, ainda hoje é possível perceber claramente que Ost (oriente) e West (ocidente) são lugares distintos. Os que viveram sob o regime soviético da DDR parecem, para os demais, subdesenvolvidos, "pobres", atrasados. Isso é velado, lógico, mas muitos não conseguem esconder a repulsa.

Durante o encontro, porém, ninguém chegou a esse assunto. Biermann fez apenas duas performances e um discurso irônico em relação ao pintor do quadro, já que os dois tiveram uma briga quando se conheceram, cinquenta anos atrás.

Com uma voz meio rouca, pausada e um ritmo que lembrava quase recitativos de óperas, ele foi apludido inúmeras vezes pelo modo sarcástico como conta sua própria história, sempre como se política fosse uma arte que nunca vai mudar o mundo, apesar de necessária.


O Fim

A cerimônia não demorou muito, só que o público ficou para trocar idéia entre si. Eu, como não podia perder a oportunidade, aproveitei a deixa dos jornalistas e cheguei até Wolf Biermann. A conversa foi curta e bastante amigável. Tiramos pelo menos uma foto, claro.

Infelizmente, não houve coletiva de imprensa. Nós poderíamos ouvir tudo, participar de tudo, mas não havia tempo para atender a todos porque se tratava de um evento de cunho político, extremamente reservado e promovido pela prefeitura de Berlim. Aqui, as coisas são um pouco diferentes. O acesso ao entrevistado, às vezes, acontece de um jeito meio estranho.

De qualquer forma, fui bem tratado e um dos poucos sortudos que estavam lá. Conheci gente da Reuters e de outros veículos de comunicação de nome esquisito... hehehe... Bom, a notícia está um pouco atrasada, mas a experiência foi única e eu queria dividir com vocês. Abraço!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Em Berlim


Bom, eu havia escrito um texto bacana sobre a viagem até Berlim, mas o computador acabou de apagar tudo. Deu problema no Internet explorer. Portanto, vai apenas a foto mesmo.


Cheguei no começo da tarde e já fui até o famoso Portão de Brandemburgo. Não dá para explicar a sensação. É como se tivesse feito parte da história do país. Bem perto do lugar, há um monumento em homenagem aos que tentaram atravessar o muro e que acabaram assassinados. E mais perto ainda fica a "Brasília" alemã, que é onde a famosa Ângela Merkel trabalha... heheh...
Amanhã renovo o gás e escrevo um pouco mais.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Da Holanda para Berlim


Fim de semana na Alemanha também é para visitar parentes e rever lugares. Ontem, por exemplo, fomos à Holanda, mais precisamente à Enschede. Heinz e Ulla já conheciam a cidade e me levaram a uma feira livre que acontece todos os sábados em uma praça central.


Apesar do dia nebuloso, o ambiente me lembrou o Brasil. Havia pelo menos uma dúzia de gente sorrindo ao mesmo tempo e uma gritaria gostosa de ouvir. Havia ainda uma dezena de barracas de comida (o queijo é bem conhecido na europa) e um peixe maravilhoso. Decidi comer só para provar (todo mundo come), mas gostei. Só estranhei um pouco o fato de todos pegarem tudo com as mãos sem luva, sem papel, sem nada. Enfim, faz parte da cultura, claro.


Aliás, os holandeses, pelo menos num primeiro contato, são bastante descolados, quase brasileilros. Na verdade, eles são o oposto dos alemães, que preferem uma vida reservada, cheia de privacidade e silêncio. Mas sabe, não diria que um é melhor do que o outro. Cada país protege seus costumes e vive do jeito que acha que deve, afinal.


Esta semana, a propósito, vou à Berlim, onde tenho um encontro com algumas pessoas da mídia, incluindo atores. É que de 11 a 21 deste mês acontece o Berlinale, festival internacional de cinema da capital. O evento deve reunir, segundo os jornais da região, quase 19 mil visitantes e mais de 400 filmes. Duas produções brasileiras concorrem na categoria Generation: o curta Avós (Grandmothers), de Michael Wahrmann, e Os Famosos e Os Duendes (The Famous and The Dead), de Esmir Filho.


Além disso, só para complementar, em 2010 o festival completa 60 anos de tradição. Espero escrever algo sobre isso. Até mais!


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Rumo à Holanda!


Como todos os dias por aqui, hoje tive muito o que fazer e, à noite, comi uma pizza com a família. Nada melhor, não é? Na verdade, não. O melhor está por vir. Amanhã viajamos para a Holanda. E sabe quantos quilômetros temos até o país? Mais ou menos 70, menos do que de Governador Valadares a Ipatinga. Pode? Perto demais.


A propósito, o laptop voltou a funcionar e por isso postei a foto. É lá do campus da universidade de Dortmund. Talvez amanhã ou depois eu coloque algumas da catedral de Colônia. De qualquer forma, na semana que sem estarei em Berlim e com certeza cheio de assunto e novas imagens, principalmente do Portão de Brandemburgo (Brandenburger Tor).


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Na universidade

Quando o trem até Dortmund parou na estação da universidade, hoje pela manhã, senti que deixei definitivamente muitas coisas para trás. Nada mais tem a ver com a minha imaginação, com a minha vontade de ter novas experiências, com a minha ousadia, com as minhas palavras amareladas, com o meu impulso quase infantil de sonhar demais. É tudo verdade, palpável, cara a cara.

Por alguns minutos fiquei sorrindo sozinho com as mãos apoiadas na janela. Fui quase um idiota, mas por aqui as pessoas não se espantam com isso. As idiotices têm sua razão de ser, afinal. Ninguém precisa explicar.

Depois, desci alguns degraus, subi outros, e estava dentro do campus da faculdade de jornalismo. Um amigo que me acompanhava, Daniel Drepper, também estudante de comunicação e conhecido dos Siebenbrock, acenou com a mão e nos dirigimos ao prédio mais próximo. Adivinha o que me esperava? Um seminário sobre notícias na web. Podia ser mais oportuno o assunto? Enfim...

A discussão foi em torno do surgimento de mais e mais blogs e twitters todos os dias e propõs as seguintes questões: devemos ensinar aos nossos alunos como usar essas ferramentas? Devemos criar uma disciplina específica que dê conta somente das revoluções tecnológicas e o avanço das mídias alternativas? De que forma a internet influência os outros suportes? etc, etc...


Frustração?

Almocei com a turma e muitas coisas foram novidade para mim. A principal delas é que quase ninguém fala da Escola de Frankfurt por aqui. Habermas? Que nada... Só que a explicação para isso é bastante plausível. Os autores mais clássicos da Teoria da Comunicação, para os alemães, são como Machado de Assis e José de Alencar para o brasileiros. Todo mundo já ouviu falar e conhece pelo menos um pouco, porém, nem sempre está lendo ou discutindo. Por quê? Porque a literatura, científica ou não, se movimenta, surgem novos talentos, novos temas a serem debatidos, novos paradigmas. No final das contas, eu até gostei de ter minhas expectativas frustradas.


Jornalismo universitário e especializado

Assim que saímos da cantina, fomos para o outro lado da universidade: seminário sobre esporte. Como o Daniel gosta de correr, ele quis se especializar nisso. Em Dortmund é assim, o estudante pode escolher entre política, cultura e outros. É quase uma espécie de pós-graduação que se faz durante o bacharelado em jornalismo. Bem interessante. Além disso, o curso demora mais tempo; em média cinco anos. Isso porque os alunos precisam se dedicar um ano ao voluntariado em jornais, revistas, sites, TVs, rádios ou assessorias. Nesse período, nada de aulas.

Como consequência da minha ida ao campus, acabei conhecendo os veículos de comunicação onde acontecem as aulas práticas e alguns estágios. Bom, resumindo é o seguinte: a rádio funciona e tem duas transmissões ao vivo por dia de notícias; a TV tem programação própria e telejornais ao vivo, mas não cheguei a conhecer os estúdios porque ficavam muito longe de onde eu estava; o jornal é quase sempre temático e envolve, inclusive, o que precisa ser melhorado na própria universidade. E tudo, mas tudo meeeeesmo, é feito pelos alunos.


Auf Deutsch (Em Alemão)

Algo certamente inesperado aconteceu durante a visita à Dortmund. Um dos alunos me convidou para escrevermos uma matéria juntos porque, naturalmente, meu Alemão é limitado. De qualquer forma, será em Alemão! Vamos publicar em um dos jornais locais. Mal posso acreditar. É muito para um dia só... hehehe...

A propósito, só para constar, a Alemanha não tem muitas faculdades de Jornalismo. Só em Dortmund, Leipzig, e outras duas cujos donos são empresários da comunicação que decidiram que querem formar seus próprios profissionais. Além disso, o diploma também não é obrigatório desde a Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas tomaram conta das mídias e fizeram delas o que bem entenderam. Era muito mais fácil deixar qualquer um escrever (quem fosse a voz do partido, claro) do que exigir conhecimento. E essa parte da história, infelizmente, ainda não teve fim.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Notícias e costumes

Para o alemão, pelo que pude perceber nos últimos dias, é quase regra ser apresentado a uma pessoa para ser amigo dela. Aliás, amigo não, um conhecido inicialmente e, depois, quem sabe, algo mais. É preciso obedecer um protocolo nas relações, sejam elas profissionais ou não. Isso, à princípio, me pareceu estranho. Fiquei, por exemplo, praticamente uma semana sem ter acesso ao jornal. O chefe precisou estar na redação para me receber.

Bom, agora estou mais adaptado e as coisas fluem com certa facilidade. Sei que não posso chamar qualquer um na rua de *você* e *tu*. É *senhor* e *senhora* acrescentado, claro, do sobrenome. Caso lhe tenham dito o primeiro nome, aí sim você pode tratar quem quer que seja de um jeito, digamos, mais próximo. Do contrário, não faça isso porque terá sido uma espécie de ofensa. Nós, brasileiros, jamais iremos entender. No entanto, respeitar é regra.

Por falar em regra, o famoso *chá das cinco* não é só costume de Inglês. É costume europeu. Aqui na Alemanha, as pessoas tomam chá todos os dias e eu também, afinal, acabei inserido na cultura deles. O cheiro é bom (ótimo!), o sabor um pouco estranho para um valadarense como eu, tão acostumado com refrigerantes... hehehe...

Aliás, a comida daqui me surpreendeu. É muito boa. Há pães e bolos de tudo que é tipo e o chucrute é simplesmente maravilhoso. Tem algo doce no meio. Comi umas duas vezes. Ah, e tem também uma carne aqui que chamam de Schnitzel que é PERFEITA! É um bife enorme e empanado de carne de porco.

Mas as refeições, de um modo geral, são até meio parecidas. Café da manhã dos alemães, por exemplo, sempre tem pão, marmelada, salames variados, aveia e chá. O gosto de tudo isso é que é outro e eles não comem tanta fruta. É coisa rara por aqui né... O almoço é que é realmente diferente. O costume é tomar sopa, comer batata cozida amassada (ou não) e macarrão. Nada de arroz e feijão. E se aí no Brasil é uma *desfeita* colocar sal na comida, aqui não só é normal como encaram isso, inclusive, como necessidade. Não é um desrespeito ou qualquer sinal de grosseria. Fique tranquilo... hehehe...

Já no jantar, tudo depende do momento. Se houver alguma comemoração, champagne; se for um dia normal, cerveja, vinho e água com gás. Além disso, alguns biscoitos e Wurst (linguiça, salsicha, etc).


Jornalismo

Quando caminhava de volta para casa, ainda ontem, me lembrei de como os valadarenses têm curiosidade em ver acidentes, saber quem foi preso com o quê, e de como os jornalistas precisam alimentar esse público porque, naturalmente, é a função mercadológica deles (ligeiramente social). Por aqui, só tive surpresas. Os espaços destinados a esse tipo de assunto são mínimos e em algumas edições nem sequer existem.

Mas não devemos nos iludir. Isso é um fato cultural. Na Alemanha, o que interfere na vida das pessoas não é o que acontece nas delegacias. É uma estrada interditada, um trem que atrasa, uma família que ficou presa no trânsito por causa da neve, etc. No inverno, as pautas sempre giram em torno do clima e das condições de tráfego. Todos querem saber se podem sair de casa no outro dia e como devem sair. Ou seja, não dá para fazer comparações. No Brasil, isso só seria matéria em época de feriado ou quando houvesse algum problema específico para ser mostrado. O leitor, ouvinte, telespectador não precisa se preocupar com um frio de -10.

Outro detalhe é que a violência aqui é catastroficamente desproporcional à do nosso país. Não existem roubos cinematográficos, crimes cruéis, crianças violentadas, quadrilhas. Enfim, vou parar porque o sono chegou. Inteh!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O jornal e o imprevisto

A gente nunca imagina, de verdade, que os imprevistos possam acontecer. Ontem, infelizmente, aconteceu comigo. Quando cheguei de Colônia, mais ou menos por volta das 20h, o windows do laptop war kapputt ( estava estragado). Estou usando agora um computador com teclado diferente e, portanto, é difícil escrever direito. Até cinco minutos atrás, por exemplo, eu não sabia fazer crase... heheheh... postar fotos será um pouco complicado também. Vou ver o que faço.

O importante é que hoje tudo aconteceu como esperado. Tive o primeiro encontro com o chefe da redação do Weltfälische Nachrichten (Notícias da Vestfália), senhor (aqui todo mundo é senhor alguma coisa) Stefan Kroes, e o jornalista que trabalha no escritório de Drensteinfurt, Dietmar Jeschke. Escreveram uma matéria sobre a minha visita e foram bastante solícitos para responder às dúvidas que eu tinha. Amanhã, claro, vou comprar um exemplar bem cedo... hehehe...

Aliás, muito oportunamente, surgiu o assunto de estágio e diploma durante a conversa. Bom, por aqui é como no Brasil. Há vários profissionais sem formação acadêmica no mercado, mas a maioria deles (praticamente todos) busca a universidade. Não é uma obrigação. É, talvez, um diferencial, digamos, ou um facilitador. Enfim... depois vou checar melhor isso. Quanto ao estágio, nem vou comentar demais: um profissional por estagiário. Quase uma orientação exclusiva, não é... ai ai...

Essa semana toda vou tentar encontrar assuntos interessantes por aqui e levantar algumas outras informações sobre Münsterland. Na sexta-feira vou à redação central, em Münster.

Hum... é isso... tenho sentido falta do calor, do sol e até de pessoas que nunca foram próximas...

domingo, 31 de janeiro de 2010

Na terra dos castelos


Você se lembra de ter pelo menos ouvido falar no palácio de Versalhes, aquele lá da França, com água e muito verde em desenhos geométricos em volta? Pois hoje eu visitei o Versalhes da Vestfália. É um castelo em versão reduzida, porém, o maior que existe na região de Münsterland. Coisa de louco. O problema é que o frio não deixa a gente observar a paisagem por completo. Tudo está debaixo de neve. Mesmo assim é deslumbrante.


Ah, outro detalhe! Até existe um relógio solar no pátio central da construção, mas, como já dá para imaginar, sol por aqui é raro de se ver. Pela manhã e em uma parte da tarde ele até apareceu. Infelizmente, no entanto, não durou nem duas horas. Fazer o quê, não é?


Continuando, enquanto eu, Ulla e Heinz visitávamos o Schloss (castelo), paramos para tomar um café em uma espécie de pub que existe dentro do palácio. O lugar me lembrou as dezenas de filmes com imagens da europa que já vi nessa vida: poltronas arredondadas de madeira, como aquelas em que reis e rainhas usavam nos jantares reais; um castiçal enorme com inúmeras velas; janelas do teto até o chão com cortinas bordadas a mão; muita gente em volta e um silêncio imperial.


Bom, não exatamente silêncio, devo confessar. O que quero dizer é que não dava para ouvir a conversa de ninguém. Eles falam baixo, de um jeito mais pausado e sem gesticular.


Hoje também fui à transmissão ao vivo da TV de Mainz (ZDF). Era só uma missa, mas trouxeram uma estrutura cinematográfica para a cidade. Câmeras com trilhos e tudo mais. Enfim, mas estou mesmo ansioso é para chegar terça-feira. Vou conhecer alguns jornalistas daqui e começar a labuta. Parece que querem escrever sobre mim também. Virei notícia... hehehe...

sábado, 30 de janeiro de 2010

Em Münster


Pela segunda vez fui até Münster, uma cidade relativamente grande e bem próxima de Drensteinfurt. Na primeira, estávamos eu e Ben e assisti a uma aula de teatro do grupo dele (pessoal bem educado e sempre tinha gente fazendo cara de felicidade quando escutava "Brasil"); na segunda, hoje, com a Ulla, para visitar algumas igrejas e também uma feira ao ar livre no centro do município. É como em Governador Valadares, só que com barracas um pouco melhores e sem desespero ou gritaria. Aqui, ninguém pechincha ou berra o preço mais baixo. As pessoas apenas provam e levam.


Mas, para mim, o momento mais interessante foi estar em frente a uma catedral gótica do século XV. Todas aquelas torres pontiagudas, aquela simetria, aquela altura, aquela cor, enfim... não postei foto porque ainda não tenho uma boa imagem da igreja. A que está aí em cima é da rua central de Münster. De qualquer forma, dá para ter uma idéia pelo menos de como são as coisas por aqui.


A propósito, a polícia daqui chama a atenção de pedestres que resolvem ficar "dando sopa" na rua, viu? Além disso, tem avenidas só para as bicicletas e os carros param na faixa mesmo quando não há sinal. Ai ai... depois dessa, eu vou dormir... hehehe

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Cartas na mesa

Como já é um pouco tarde e estou com preguiça, vou deixar para postar outra foto uma outra hora. O que preciso dizer é que me diverti demaaais com um jogo de cartas esta noite. Não entendi muita coisa, mas sei que é muito parecido com o "burro", porém, ao contrário: quem fica com a mão cheia ganha porque tem mais pontos. Das war super! (Foi muito bom!).

Sabe... a família que me hospeda aqui na Alemanha é bastante alegre. Sempre que estão juntos eles têm algum tempo de Spass (mais ou menos distração em Português, mas significa também algo que foi interessante, enfim, entretenimento).

Bom, fico por aqui. O sono chegou. Amanhã esfria outra vez.

Planos...


Ontem, confesso, estava meio abatido por causa do frio e da falta de referência da cultura brasileira. Mas hoje, como já esperava, estou bem melhor e disposto. Na semana que vem, quinta-feira, o chefe da redação local do Weltfälische Nachrichten (Notícias da Vestfália) chega na cidade para me receber. É quando também, naturalmente, vou entrar no escritório deles pela primeira vez. Aqui em Drensteinfurt é pequeno o Büro, mas devo ir até Münster na outra semana (segunda-feira).


Parece que vou ainda conseguir visitar uma Televisão, a WDR (Westfalen Rundfunk). Enfim, está tudo encaminhando, dando certo. Pelo que já vi, uma diferença clara dos jornais impressos da Alemanha é a primeira página. Há muito mais texto do que no Brasil. As pessoas daqui param em frente os Zeitungen (jornais) para ler e querem saber de tudo antes de comprar, não apenas lead e sublead. São bem exigentes.


A propósito, a foto é quase em frente ao castelo da cidade.

inteh!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Na neve


A foto, reconheço, não é das melhores. Mas dá para ter uma idéia de como o frio daqui é praticamente desesperador. Hoje consegui sair um pouco de casa e visitar a cidade. O lugar é muito aconchegante. Lembra alguns municípios e vilas do sul do Brasil. A arquitetura é a mesma, sem tirar nem pôr. Há um castelo também, e a sede dos correios é uma das mais antigas da região da Vestfália (Westfalen).

Ah, já ía me esquecendo... está nevando. É bonito de ver, mas não de sentir, acreditem... heheh

Finalmente, Alemanha!!!




Como durante todo o voo e também dentro do aeroporto de Frankfurt existem sistemas de aquecimento dos ambientes, eu realmente achei que o frio não incomodaria tanto, ou que era uma lenda aquela coisa de doer e "rasgar". Mas não é. Absolutamente, não é. Quando eu e Heinz (da família que está me hospedando aqui e que, por sinal, é muito educado, assim como todos da casa) chegamos ao estacionamento para pegar o carro, entrei em um "congelador" com -5 graus e sensação térmica de muito menos.



Olha, mas o frio não chega a tirar a beleza das árvores cheias de neve, das casas de tijolinho marrom, dos telhados pontiagudos, etc. As rodovias são perfeitas, sem buraco, bem sinalizadas. Os carros quase voam a 130, 140km/h. Parece muito, só que não é porque os veículos são projetados com uma estabilidade incrível e há pelo menos quatro pistas nas chamadas "autoestradas" (Autobahn). No Brasil, elas correspondem às BRs.


Até aí tudo nem, não é? Cheguei sem problemas. A parte triste da viagem até a Alemanha foi o voo de BH até São Paulo, com umas duas crianças chorando o tempo todo. De SP a Frankfurt foi tranquilo, mas não dá para dormir direito e foram, afinal, 12 horas em um avião. Ás vezes, eu ligava o mini computador que tem em todas as poltronas para acompanhar o trajeto do piloto. Confesso que deu um pouco de medo quando a imagem sinalizou o meio do oceano Atlântico. Só então consegui cochilar. Acho que queria esquecer isso... hehehe...


A propósito, a foto é o que vejo de uma das janelas da casa, entre o segundo e o terceiro andar. A cidade é pequena, mas aqui as pessoas que podem preferem morar assim por causa do tumulto dos grandes centros. Eles querem qualidade de vida. O valadarense acha, por exemplo, que Chonim e Baguari são "roças", mas se um grupo de alemães resolver se mudar para a nossa região faz desses distritos atrações turísticas... heheh...

Por enquanto, ainda não sai de casa para ver muita coisa. Cheguei ontem e dormi até tarde hoje. Não acho que tenha sido por causa da diferença de horário. Foi o cansaço mesmo. Enfim, vou descer. Até a próxima.

domingo, 24 de janeiro de 2010

5, 4, 3, 2, 1, 0...

Pelo visto, o que eu tinha de arrumar já está arrumado: duas malas e uma mochila para levar como bagagem de mão. No mais, é só. Mas ainda parece que não é comigo. Tanta ajuda, tanta mobilização de pessoas que nunca me viram, que acabaram de saber quem eu sou e que me aceitaram como filho, que me deram credibilidade, carta de apresentação, etc... Não é incrível?

Hoje pela manhã abri o meu email e lá estava uma mensagem da família Siebenbrock. Eles vão segurar uma placa com o meu nome no aeroporto de Frankfurt e me enviaram uma foto de todos da casa (casal e três filhos). Reafirmaram que fazem questão de ir até o Flughafen (aeroporto).

Aliás, quando recebi a notícia de que as coisas tinham dado certo, por exemplo, me perguntei se estou preparado para fazer o que alguns poucos amigos daqui (e incluindo também os almães, claro) fizeram por mim e que vou demorar o raio de uma vida inteira para agradecer, ou quem sabe nem vou conseguir agradecer de verdade. Só conclui, por enquanto, que "obrigado" é muito pouco, embora eu tenha dito isso diversas vezes.

Enfim, amanhã pego meu primeiro voo em Belo Horizonte, às 19h. Chego em São Paulo provavelmente uma hora depois e de lá vou direto para a Alemanha. Às 14h da terça-feira já estarei na Europa, de onde posto outra vez.

Mas antes de ir, gostaria de dedicar essa viagem e todo o trabalho envolvido nela primeiramente a Deus, que por intermédio do Dom Werner, fez tudo acontecer; aos amigos Harley Cândido e Terezinha Hilel, que moveram meio mundo para participar dessa vitória; e à minha querida família, que sempre acreditou, no fundo, que sonhar é preciso e que nunca mediu esforços para me apoiar.

Abraço a todos!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A contagem regressiva

É... faltam três dias para a viagem e, finalmente, acho mesmo que consumi quase todo o resto do tempo do meu mês de janeiro no Brasil. Visitei amigos, reli alguns livros, li outros, decorei frases em alemão (fazer o quê?! rs), fiz compras às pressas, ouvi conselhos e instruções, vi o carinho e a indiferença das pessoas (essas foram poucas, amém!).

Enfim, o mais importante é que tive muitas mãos estendidas e palavras de incentivo. Não daqueles que sempre me olharam pensando na eventual fraqueza de um menino supostamente imaturo e cheio de sonhos impossíveis, mas daqueles que não brincaram com a minha força de vontade e são seguros de si o bastante para emprestar qualquer coisa, até mesmo o próprio nome. E isso, meus caros, por aqui praticamente não se vê mais. O medo paira sobre os poetas menores. Não os condeno. O espaço é pequeno, afinal. Não cabe todo mundo, embora o mundo precise ser maior até do que o mercado de trabalho ou a universidade.

Aos que sempre torceram e torcem por mim, minha eterna admiração. Aos amigos que participaram e participam diretamente desta vitória, muito obrigado por enquanto!!!!!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O primeiro passo

Então... no próximo dia 25 de janeiro embarco para a Alemanha, onde devo conhecer alguns jornais e passar um tempo com uma família de lá, em Drensteinfurt, na região de Münsterland, ao norte do país. Não há muito o que dizer por enquanto porque ainda não senti o tal frio abaixo de zero, mas resolvi que era hora de documentar essa experiência antes mesmo dela começar. Esse é o motivo deste blog. Sejam bem-vindos!