terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O "susto"

Vão completar dois anos que não moro onde nasci, o que é perfeitamente compreensível pra maioria das pessoas, inclusive desejável pra muitas centenas de milhares de outras. Mas esses dias, quando fiz a conta mesmo, tomei um "susto". Foi daqueles "sustos" óbvios.

Não tenho nada que lembre a minha cidade perto de mim, não trouxe sequer uma "fotinha" do Pico da Ibituruna, onde tantas vezes estive pra falar da natureza e das tragédias envolvendo a estupidez humana. Absurdo?! Não importa. Sou feliz porque existem umas boas lembranças dentro de mim. Lembranças da vida de antes e dessa vida na Alemanha, que começou com mergulho no escuro que eu toparia fazer outras mil vezes, em mil vidas se elas existissem.

As fotos são de uma viagem à Turquia, o país que melhor me recebeu até agora na Europa. As imagens são da Hagia Sophia (interior) e Mesquita Azul, respectivamente.



domingo, 20 de julho de 2014

Perdendo...

Numa viagem que fiz com uma amiga à Suíça conheci por acaso uma brasileira extremamente solidária, como é de se esperar do nosso povo. Ela não só nos ajudou a pegar um trem até Zurique, a capital, como ofereceu a própria casa (numa cidade vizinha, Lurcerna) pra gente dormir. E foi além. Disse as palavras que, embora pareçam óbvias, mais me marcaram durante esse um ano e meio morando na Alemanha: "sempre saímos perdendo".

Não é bem uma conclusão pessimista e ingrata. É uma constatação simples de que existem ganhos e perdas na vida, mas que as tão temidas perdas, muitas vezes frutos das nossas escolhas, são inevitáveis. E de que, estejamos onde estivermos, vamos perder alguma coisa (e ganhar também, claro).

Soa tão bobo o texto, não é? Do tipo "nossa, descobriu o Brasil!"... Bom, eu perdi mais um aniversário da minha mãe. O segundo. Por isso acho que deu vontade de escrever; bater nessa tecla tão gasta das histórias de tantas outras pessoas nesse mundo.

Minha mensagem de "parabéns" foi pelo celular, o que me deixou num nível de frustração absurdo, como ano passado. Enfim. É a ferramenta imediata que tenho pra dizer que amo e sinto falta de tentar dar o primeiro abraço do dia.

Eu também liguei. Só que uma ligação não tem calor. Apenas resolve por alguns minutos uma saudade que não tem solução. Eu perdi, e pronto.




domingo, 25 de maio de 2014

Você

Eu não aguentava mais esperar por aquele dia. Vi você surgindo no aeroporto e a imagem nem parecia real. Era o nosso sonho antigo ali, bem diante dos olhos. O abraço foi tão apertado que quase perdi o fôlego. Foi como em todos os nossos outros encontros, mas com uma dose forte de saudade. Saudade acumulada. E como!

Minha casa nunca tinha recebido alguém tão alegre como você. Jantamos a dois, com velas e um sorriso largo. Estava frio do lado de fora e a gente não ligou. Não precisava ligar.

Você me acordou todas as manhãs com um carinho suave de "bom dia". Não vou esquecer. Essas coisas não se apagam da memória. Ficam na pele, como a sensação gostosa do vento no rosto naquela praia onde passamos tardes de tanto sol. Ainda sinto. Ainda vejo as horas correndo e a gente pedindo pra que parassem. Infelizmente, elas não obedecem e não param, não é?

O tempo também é um tipo de crueldade, afinal. Se bem que cruel mesmo foi ver você partir. Olhar pra trás e observar o seu "tchau" desaparecer no meio das pessoas. Escondi o rosto nas mãos e subi um monte de escadas sem saber direito o rumo, sem me orientar pelas indicações, sem nada. Até porque era exatamente assim que eu estava. Sozinho, experimentando mais uma vez a dor da sua ausência. Por favor, não demora muito. Você é importante demais. Você.





domingo, 6 de abril de 2014

Os mesmos...

Tenho lembrado muito dos lugares e das pessoas que me fizeram bem nessa vida. Família, amigos, parentes (poucos, quase nenhum). Não tem foto de todo mundo na mesa de casa. Mas de vez em quando, numa frase de um livro, de um filme, ouço as vozes de novo e vejo os rostos. Incrível como o tempo não passa pra eles. Estão do mesmo jeito.

Não acho, infelizmente, que vamos nos reencontrar com tanta facilidade. Não da forma como me recordo. Os anos passaram depressa demais. E cada vez mais tenho a sensação de que me movimento com certa rapidez, o que não me permite olhar pra trás sempre quando quero. Só dá quando posso e a liberdade do momento me autoriza, como agora.