Um dia, ainda no primeiro semestre de faculdade, acabei ficando muito amigo de uma professora (ou achando isso, claro). Normal, não é? Trocávamos ideias praticamente todos os dias e ela me disse para investir mesmo na carreira de jornalista porque não havia achado erros no meu texto, o que era um bom sinal; um bom começo de conversa pelo menos. Isso me fazia ir para casa com vontade de voltar àquela sala de aula.
Um outro dia, no entanto, essa mesma professora virou as costas para mim quando decidi não obedecer suas orientações de seguir por um caminho que seria o "melhor". "Você foi mordido pela mosca azul", ouvi. Daquela noite em diante, nunca mais escutei sequer uma palavra de carinho dela. Aliás, passei de estudante comprometido a aluno desatento, cheio de complexos e com sérios problemas psicológicos. Não que isso seja necessariamente algo ruim, mas faz sentido uma pessoa mudar a água para o vinho de um dia para o outro? Sei lá... só sei que os dias tomaram rumos diferentes desde então.
Decidi não me importar. E não me importando consegui tudo o que quis sem tentar explicar que o Maurício que continuava a faculdade era o mesmo que havia começado. Isso é muito difícil. Não dá para convencer certas pessoas quando elas estão na maturidade e você na juventude. As suas opiniões e posicionamentos costumam parecer menos importantes, mais ingênuos e, portanto, descartáveis.
Enfim... fato é que tracei objetivos concretos e corri atrás de cada um deles. Fiz isso em silêncio porque descobri que só em silêncio é que eu conseguia sonhar sozinho. E já que os meus sonhos soavam tão produto de uma loucura contida, convenhamos, era o melhor a fazer. Daquele jeito eu poderia me concentrar de verdade nas coisas que valiam a pena e nos poucos amigos que queriam me estender as mãos.
O "apertador de botão"
Mas um belo dia, daqueles que a gente sabe que alguma vai acontecer porque está tudo dando certo demais, fui chamado à realidade quando um amigo me disse que um outro amigo me achava apenas um "apertador de botão" (com algumas gargalhadas ao fundo). Eu tinha ganhado o título depois que alguém me viu na porta da rua da redação onde eu estagiava abaixando o volume para o repórter escutar a voz do apresentador.
Era para eu ter me ofendido? Muitos disseram que sim... mas não... sabe por quê? O que me diferencia, de verdade, de pessoas que precisam e devem apertar botões? A minha formação intelectual? A família onde cresci? Isso pode até justificar diversidade, mas nem de longe significa que estou um degrau acima. Até porque não sou um rótulo antes de ser gente. Nenhum de nós o é. Portanto, sou mesmo feliz apertando botões... se o que faço é escrever e inventaram computador para essa atividade, preciso mesmo é largar papel e caneta, não acha? Vou digitar. E tecla, cá pra nós, também é quase botão...
terça-feira, 30 de março de 2010
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Bom não preciso falar mais nada , você disse tudo , só queria mais uma vez deixar minha admiração por você , sempre seguindo seus sonhos sem deixar de acreditar neles em nenhum momento, sempre vão existir pessoas pra te deixar triste ou desestimulado, mas eu sei a força de vontade que você tem; Deus vai sempre guarda seus caminhos e realizar seus mais profundos anseios .... Só posso te desejar sucesso nessa nova etapa que começa agora e que eu não sei onde pode terminar ... beijos
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