Embora a pontualidade tenha sido deixada de lado na noite da última quarta-feira pela maior parte dos convidados da Câmara de Representantes de Berlim, pelo menos uma dezena de políticos influentes da cidade se reuniu para oficializar uma pintura do cantor e compositor Wolf Biermann como Retrato de Cidadão Honorário (Ehrenbürger Porträt).
A apresentação da obra e do autor dela, Ronald Paris, que tem trabalhos na Galeria Nacional, em Dresden, e até no Museu de Bellas Artes de Leipzig, foi feita por ninguém menos do que o presidente da Casa, Walter Momper. Entre o início e o meio do discurso, ele pontuou que o que faziam era apenas um "gesto de Berlim" para alguém de tanta coragem. Fez questão de agradecer várias vezes.
A história
Wolf Biermann trabalhou de 1957 a 1959 com o dramaturgo e crítico do sistema capitalista, Bertold Brecht, e escreve poemas e músicas desde a década de 1960. O pai foi morto em Auschwitz, em 1943, por ser judeu e por defender ideais libertários.
Desde então, Biermann se estabeleceu na política de uma forma mais ativa. Nos anos em que a Alemanha esteve dividida pelo muro de Berlim, por exemplo, ele se dedicou a criticar o extremismo da Deutsche Demokratische Republik (DDR), República Democrática Alemã (RDA), e acabou expulso do lado oriental (Ost), mesmo sendo comunista convicto. Suas canções e poemas foram vetados.
Anos depois, no entanto, o país foi reunificado e Wolf Biermann voltou a cantar e compor para uma terra só outra vez. Mesmo assim, ainda hoje é possível perceber claramente que Ost (oriente) e West (ocidente) são lugares distintos. Os que viveram sob o regime soviético da DDR parecem, para os demais, subdesenvolvidos, "pobres", atrasados. Isso é velado, lógico, mas muitos não conseguem esconder a repulsa.
Durante o encontro, porém, ninguém chegou a esse assunto. Biermann fez apenas duas performances e um discurso irônico em relação ao pintor do quadro, já que os dois tiveram uma briga quando se conheceram, cinquenta anos atrás.
O Fim
A cerimônia não demorou muito, só que o público ficou para trocar idéia entre si. Eu, como não podia perder a oportunidade, aproveitei a deixa dos jornalistas e cheguei até Wolf Biermann. A conversa foi curta e bastante amigável. Tiramos pelo menos uma foto, claro.
Infelizmente, não houve coletiva de imprensa. Nós poderíamos ouvir tudo, participar de tudo, mas não havia tempo para atender a todos porque se tratava de um evento de cunho político, extremamente reservado e promovido pela prefeitura de Berlim. Aqui, as coisas são um pouco diferentes. O acesso ao entrevistado, às vezes, acontece de um jeito meio estranho.
De qualquer forma, fui bem tratado e um dos poucos sortudos que estavam lá. Conheci gente da Reuters e de outros veículos de comunicação de nome esquisito... hehehe... Bom, a notícia está um pouco atrasada, mas a experiência foi única e eu queria dividir com vocês. Abraço!
O quadro será exposto em uma galeria do prédio junto a diversos monumentos em lembrança a pessoas historicamente importantes para o município. Por um milagre e muita sorte, eu estive no evento, junto com alguns jornalistas da imprensa local (TV, impresso e agências de notícias).
A apresentação da obra e do autor dela, Ronald Paris, que tem trabalhos na Galeria Nacional, em Dresden, e até no Museu de Bellas Artes de Leipzig, foi feita por ninguém menos do que o presidente da Casa, Walter Momper. Entre o início e o meio do discurso, ele pontuou que o que faziam era apenas um "gesto de Berlim" para alguém de tanta coragem. Fez questão de agradecer várias vezes.
A história
Wolf Biermann trabalhou de 1957 a 1959 com o dramaturgo e crítico do sistema capitalista, Bertold Brecht, e escreve poemas e músicas desde a década de 1960. O pai foi morto em Auschwitz, em 1943, por ser judeu e por defender ideais libertários.
Desde então, Biermann se estabeleceu na política de uma forma mais ativa. Nos anos em que a Alemanha esteve dividida pelo muro de Berlim, por exemplo, ele se dedicou a criticar o extremismo da Deutsche Demokratische Republik (DDR), República Democrática Alemã (RDA), e acabou expulso do lado oriental (Ost), mesmo sendo comunista convicto. Suas canções e poemas foram vetados.
Anos depois, no entanto, o país foi reunificado e Wolf Biermann voltou a cantar e compor para uma terra só outra vez. Mesmo assim, ainda hoje é possível perceber claramente que Ost (oriente) e West (ocidente) são lugares distintos. Os que viveram sob o regime soviético da DDR parecem, para os demais, subdesenvolvidos, "pobres", atrasados. Isso é velado, lógico, mas muitos não conseguem esconder a repulsa.
Durante o encontro, porém, ninguém chegou a esse assunto. Biermann fez apenas duas performances e um discurso irônico em relação ao pintor do quadro, já que os dois tiveram uma briga quando se conheceram, cinquenta anos atrás.
Com uma voz meio rouca, pausada e um ritmo que lembrava quase recitativos de óperas, ele foi apludido inúmeras vezes pelo modo sarcástico como conta sua própria história, sempre como se política fosse uma arte que nunca vai mudar o mundo, apesar de necessária.
O Fim
A cerimônia não demorou muito, só que o público ficou para trocar idéia entre si. Eu, como não podia perder a oportunidade, aproveitei a deixa dos jornalistas e cheguei até Wolf Biermann. A conversa foi curta e bastante amigável. Tiramos pelo menos uma foto, claro.
Infelizmente, não houve coletiva de imprensa. Nós poderíamos ouvir tudo, participar de tudo, mas não havia tempo para atender a todos porque se tratava de um evento de cunho político, extremamente reservado e promovido pela prefeitura de Berlim. Aqui, as coisas são um pouco diferentes. O acesso ao entrevistado, às vezes, acontece de um jeito meio estranho.
De qualquer forma, fui bem tratado e um dos poucos sortudos que estavam lá. Conheci gente da Reuters e de outros veículos de comunicação de nome esquisito... hehehe... Bom, a notícia está um pouco atrasada, mas a experiência foi única e eu queria dividir com vocês. Abraço!
Engraçado... eventos de cunho político aqui, a assessoria arma toda uma coletiva. Ainda mais se tratando de prefeitura...
ResponderExcluirNo salão em que voce tirou a foto tinha deu pra ver umas mesas como que para um coquetel. E aí? Serviram coxinha? rsrsrsr...
ResponderExcluirBrincadeiras à parte é interessante observar como a "lei da atração" costuma funcionar quando realmente temos bons propósitos. Imagine quantas surpresas agradáveis voce já teve nesta viagem! É isso aí, Maurício! Continue sua busca pela cultura e pelo conhecimento! Mande sempre notícias e fotos. Já estamos com saudades!
hehehe... Olha, até teve coquetel mesmo, mas coxinha não... kkkkkk...
ResponderExcluirObrigado pelas palavras Harley! Vc faz parte disso tudo...
Colega, você tá lindo na foto! Volta logo, tô morrendo de saudades.bjo
ResponderExcluirCoitado, Ana. Não deseje que ele volte logo. Tomara mesmo que dure bastantes dias esta viagem. Afinal, não é todo dia que damos um "pulinho" na Alemanha, não é mesmo? rsrsrs (brincadeirinha).
ResponderExcluirMaurício, como uma boa "voyeur" estou também acompanhando pelo blog o seu desejo que se tornou realidade. Mérito seu e ajuda de um monte de outras pessoas bacanas e de coração nobre. Aproveite bastaaaaaaaante a Alemanha. Cresça como pessoa, como gente. Enfim... como cidadão do mundo. Com certeza vai voltar melhor do que foi. Busque sempre o diferencial.
Abração. Até a "vorta"! rsrs