domingo, 21 de fevereiro de 2010

O fim e o começo


Restam agora poucas horas de Alemanha. Olhei para o calendário há pouco e mal posso acreditar que o mês passou tão rápido. De qualquer forma, o tempo aqui também foi um tempo de experiências que não vão durar apenas 30 dias. Aliás, até acho que as possibilidades são muitas de haver algum retorno em 2011 e com outros objetivos. Vamos ver.

Mas como é o último texto que escrevo em Deutschland, já que o voo para o Brasil é amanhã e pego o trem na hora do almoço para o aeroporto de Frankfurt, gostaria outra vez de agradecer às pessoas que tanto me ajudaram aí em Governador Valadares nessa viagem (Harley, Teresinha, Dom Werner, Divina e, claro, família).

Assim como o apoio dos alemães foi importante (crucial!), ele jamais existiria se não tivessem existido amigos aí para me estender as mãos (incluo aqui os meus pais e minha irmã). E isso é muito raro. Diria, por sinal, que está cada vez mais distante da nossa realidade, uma vez que a maioria das pessoas se acostumou a apenas assistir o fracasso ou o sucesso, sem sequer levantar um dedo. Ser plateia, no entanto, é fácil demais.

Só que agora acho que posso fazer por outros colegas o que sempre sonhei que tivessem feito por mim: oferecer, quem sabe, contatos. Conheço jornais, redatores, TV, repórteres, etc. Fica mais fácil caso alguém queira tentar algo semelhante por esse lado da Europa.

No mais, sinto que tudo acabou foi de começar. Esses dias aqui com os Siebenbrock (Foto/ jantar Turco) serviram para abrir portas e amadurecer, inclusive, os meus planos. Não dá para contar tudo em poucas linhas, mas fato é que entro agora em uma nova fase de vida.

Lembro que desde que cheguei à faculdade, por exemplo, estudo línguas e queria estagiar fora do país. Queria e consegui. Portanto, o momento é de renovar as expectativas e ideias. Afinal, estou no marco zero denovo. Mas o relógio já começou a correr, nem tenham dúvidas disso. Esse ano ainda promete muito. É hora de voltar aos cadernos, desenvolver novos projetos, rir um pouco mais, perder menos tempo com conversa fiada e, então, encerrar as atividades na universidade.

Enquanto isso não acontece, fico por aqui com um papel e caneta porque hoje ainda quero escrever. Minha cabeça não para, não adianta... hehehe... é muita felicidade... um abraço e até no Brasil!!!!!!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O artigo

Depois de muito esforço principalmente de um amigo meu aqui, Daniel Drepper, e do pessoal dos jornais também, claro, o nosso artigo ficou pronto. Já foi enviado e a publicação deve sair amanhã. Mal posso esperar para ver como ficou. Meu nome estará em um impresso alemão e não mais como personagem, mas como redator, "repórter".

No mais, hoje visitei a capital da Vestfália e amanhã retorno a Münster para um último passeio. Aliás, último por agora porque ainda podem acontecer muitas coisas...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Os jornais e a TV


Como dá para imaginar, ontem foi um dia de muitos compromissos oficiais e horários milimetricamente planejados. Nada podia sair do lugar. O melhor foi que tudo correu bem. Visitei a sede do escritório onde estou aqui em Drensteinfurt (Westfälische Nachrichten), que fica em Münster, outros dois impressos de circulação regional (Westfälische Anzeiger e Dreingau), e ainda a TV WDR (Westdeutschen Rundfunk), "filial" da ARD de Berlim.

Não vou narrar detalhes da "maratona". Vou pontuar apenas algumas diferenças interessantes que notei e o modo como as redações se planejam com antecedência em determinadas circunstâncias.

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Bom, nos dois primeiros jornais, o Anzeiger e Dreingau, as coisas são bem parecidas com o Brasil e a realidade de Governador Valadares. São lugares de médio porte, equipe reduzida e muita neve para noticiar (a parte da neve a gente isola... hehehe).

Na TV é que vieram várias surpresas. Não há mais operadores de câmera de estúdio aqui. Tudo é feito por quem está no "master". Eles usam controle remoto para redirecionar a lente e ajustar o foco. Além disso, a tecnologia, naturalmente, é toda digital, desde os monitores à transmissão. A aparelhagem é um show!

Durante a visita, uma das chefes de redação, Birgit Benesch, teve um pouco de tempo para sentar e conversar comigo. Explicou como é a rotina de reuniões de pauta e que o jornalismo deles, neste momento, está tentando achar fontes que possam explicar as confusões do tempo. É que o povo quer saber por que num raio de 15 anos a neve não chegava até os municípios da Vestfália e agora não arreda o pé.

Fora isso, o curioso também é que os jornalistas se reúnem inúmeras vezes separadamente, em grupos de dois, dependendo do horário e do volume de serviço, e em seguida fazem um encontro com o chefe para decidir o que vai ao ar ou não.

Outro detalhe: na Alemanha ainda existem os redatores. Eles auxiliam o trabalho da edição e, claro, contribuem substancialmente para agilizar o trabalho de todo mundo.

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O quarto e último compromisso do dia foi na sede do Westälische Nachrichten (foto). Meu Deus! Merece sim uma exclamação porque o lugar é perfeito! Nesses três anos de faculdade de jornalismo eu nunca tinha pisado em uma redação tão grande, tão diversificada e tão silenciosa. Não sei como é no eixo Rio de Janeiro - São Paulo, não conheço, mas me surpreendi aqui.

A construção de dois andares, além de abrigar todas as editorias, é onde o jornal é impresso. Aliás, essa parte do prédio é gigantesca, cheia de máquinas e mais máquinas. Peguei a edição de hoje fresquinha. Vou levar comigo para o Brasil.

Abraço!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A última quarta-feira

Nos primeiros dias aqui na Alemanha, a impressão era de que o mês demoraria a passar e que a saudade atrapalharia a rotina. Saudade até houve, e muita, mas o tempo voou, desapareceu, nem lembra sequer o meu nome.

Só que a minha última quarta-feira na Europa promete ser um dos dias mais importantes de toda a viagem; preciso me concentrar apenas nisso.

Pela manhã visito dois jornais estaduais (tipo nosso Hoje em Dia e O Tempo) e na hora do almoço sigo para o estúdio de TV da WDR (Westdeutschen Rundfunk) que é uma espécie de "filial" da ARD (canal livre com sede em Berlim), justo quando a edição está para ir ao ar. Não sei como será e se terei acesso a tudo. As pessoas por aqui, no entanto, são bastante organizadas e o agendamento foi feito com antecedência.

De qualquer forma, há ainda mais o que comemorar. Amanhã também é quando eu e o jornalista da universidade de Dortmund nos juntamos para escrever um artigo. O trabalho é uma espécie de conclusão de todas as atividades propostas pela redação do Weltfälische Nachrichten (Notícias da Vestfália) até o momento. O nosso texto será publicado em um impresso estadual e outro local com a assinatura dos dois.

Como se não bastasse, à noite tenho um encontro com outros repórteres de Münster. É o último, eu acho. Ao poucos, como vêem, vou me despedindo daqui e das pessoas que tanto me ajudaram. E não foram poucas.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O carnaval e o piano

A noite desta segunda-feira de carnaval não poderia ter terminado de forma menos inusitada para mim: em uma sala de estar de um dos vizinhos da família Siebenbrock, ao som de concertos e no conforto de uma lareira. Pode? Heheheh...

Mas a verdade é que mais cedo estive em Münster e vi a festa que os alemães fazem. Em síntese, eles saem às ruas fantasiados enquanto carros alegóricos passam com pessoas jogando balas, bombons, chicletes, pipoca, etc. É bem interessante, embora completamente diferente do nosso.

A coincidência foi eu encontrar um grupo de brasileiros sambando no meio da rua. Parei para conversar e já fui convidado a fazer parte da festa também. Estou com tanta saudades que fiquei parado escutando a bateria quase uma hora.

Bom, amanhã posto fotos porque hoje o sono chegou mais cedo.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

A "catástrofe" de Ravensbrück


Parece mesmo que hoje era o meu dia de sorte. Impossível definir de outra forma. Não repare no título. Vou explicar o porquê. A história é um pouquinho longa.

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Decidi ontem que iria até Ravensbrück, um campo de concentração a cerca de 100km de Berlim. Foi onde Olga Benario morreu e foi também o maior feito só para mulheres. Já dá para imaginar a minha ansiedade, não é?

Todo animado, acordei cedo e peguei o trem às 8h44, no centro da cidade. O problema já começou por aí. É que não existe, na verdade, linha direta com Ravensbrück. Tive de descer em uma estação antes e caminhar praticamente uma hora sob e sobre uma neve pesada.

A vila onde comecei essa jornada chama-se Fürstenberg. Vila não, apenas um pequeno município de pouco mais de 5 mil habitantes. De lá, segui por uma dezena de curvas, retas, muito gelo e pouca gente. O lugar estava deserto. Quando dava a sorte de encontrar alguém, o papo era até bacana, mas eu precisava continuar senão perderia a viagem de volta.

Assim foi até a entrada de Ravensbrück, tão ampla e triste como milhares de vezes imaginei. Porém, outra vez nada de gente. Só o silêncio, uma paisagem opaca, um céu cinza e a minha velha boa vontade, claro.

Caminhei por uma trilha pequena até a recepção. Depois, encontrei um homem que limpava a escadaria e pedi para entrar no museu. Vi as fotos das vítimas da loucura alemã durante a segunda guerra mundial. Procurei por Olga, mas não achei. No entanto, o nome dela consta nas listas da internet. Uma pena não ter nada em Ravensbrück.

Mas o pior ainda estava por vir. Como não havia ninguém para me ajudar na visita ás casas onde as mulheres dormiam e trabalhavam, fui sozinho. Sozinho mesmo! Só que a surpresa veio antes mesmo do passeio começar. Os meus pés afundaram de uma vez pelo menos uns 50 centímetros. Pensei em voltar, porém, continuei. Apressei o passo.

Enquanto me aproximava do primeiro barracão, uma placa de todo tamanho indicou que a entrada era proibida. Soube ali, então, que no inverno os campos de concentração não ficam abertos ao público. Depois, uma outra mulher me contou que é por falta do Heizung (aquecedor).

Enfim, a questão é que aí eu percebi uma catástrofe. Minha câmera fotográfica com todas as imagens e vídeos de Berlim tinha caído na neve. Sinceramente, não consigo descrever o meu desespero. Ía de um lado para o outro e não sabia a quem pedir ajuda. Aliás, não tinha viva alma por perto. Só eu, no meio de um campo de gelo e sem ter a menor idéia do que faria.

Bom, fato é que, após correr e ter o joelho afundado num "freezer", encontrei o que havia perdido. Para mim, foi um milagre, literalmente. Meu dia ali, à princípio, tinha acabado. Mas não.


A guerra e as bodas de ouro

Chamei um táxi porque estava muito cansado e cheguei à estação para voltar à Berlim. Foi então que um casal muito simpático se aproximou e perguntou de onde eu era. Disse "Brasil" e os dois caíram na gargalhada. Adoraram a notícia e começaram a me contar o porquê.

Friederich e Elizabeth Lessmann se casaram em 1958 e foram no mesmo ano para Brasil em uma missão de cooperação no Rio Grande do Sul. Lá tiveram três filhos e seis anos depois retornaram à Alemanha. Mas essa não é a melhor parte. A melhor parte é que o pai dela foi soldado e trabalhou para Hitler, infelizmente.

A senhora fez questão de se sentar perto de mim no trem e me contou uma longa e bonita história de amor e resistência.

Ela viveu a segunda guerra mundial e o marido também. Escutaram os canhões. Ambos tiveram que fugir do país porque o Terceiro Reich havia prometido vitória, mas não conseguiu. Segundo os Lessmann, quase todos os dias um megafone com a voz de Hitler passava pelas ruas dizendo que a nova potência do mundo seria germânica. Uma mentira que, nos anos de 1940, seria descoberta.

No entanto, essa mentira fez a família de Friederich andar uma semana até um país vizinho em busca de abrigo. E também fez a família de Elizabeth correr de porta em porta pedindo ajuda a amigos para fugir do país.

Bom, os dois foram simplesmente muito simpáticos e estão juntos há cinco décadas. Fizeram questão de me mostrar os anéis das bodas de ouro como uma relíquia de sobrevivência ao confronto, embora fossem crianças no tempo do Nazismo.

Não vou escrever mais porque quero ajeitar as idéias e fazer algo à altura do que me foi dito. Mas dá para ter uma noção de que, no final das contas, o dia não foi tão ruim.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Berlim de Wolf Biermann


Embora a pontualidade tenha sido deixada de lado na noite da última quarta-feira pela maior parte dos convidados da Câmara de Representantes de Berlim, pelo menos uma dezena de políticos influentes da cidade se reuniu para oficializar uma pintura do cantor e compositor Wolf Biermann como Retrato de Cidadão Honorário (Ehrenbürger Porträt).

O quadro será exposto em uma galeria do prédio junto a diversos monumentos em lembrança a pessoas historicamente importantes para o município. Por um milagre e muita sorte, eu estive no evento, junto com alguns jornalistas da imprensa local (TV, impresso e agências de notícias).

A apresentação da obra e do autor dela, Ronald Paris, que tem trabalhos na Galeria Nacional, em Dresden, e até no Museu de Bellas Artes de Leipzig, foi feita por ninguém menos do que o presidente da Casa, Walter Momper. Entre o início e o meio do discurso, ele pontuou que o que faziam era apenas um "gesto de Berlim" para alguém de tanta coragem. Fez questão de agradecer várias vezes.


A história

Wolf Biermann trabalhou de 1957 a 1959 com o dramaturgo e crítico do sistema capitalista, Bertold Brecht, e escreve poemas e músicas desde a década de 1960. O pai foi morto em Auschwitz, em 1943, por ser judeu e por defender ideais libertários.

Desde então, Biermann se estabeleceu na política de uma forma mais ativa. Nos anos em que a Alemanha esteve dividida pelo muro de Berlim, por exemplo, ele se dedicou a criticar o extremismo da Deutsche Demokratische Republik (DDR), República Democrática Alemã (RDA), e acabou expulso do lado oriental (Ost), mesmo sendo comunista convicto. Suas canções e poemas foram vetados.

Anos depois, no entanto, o país foi reunificado e Wolf Biermann voltou a cantar e compor para uma terra só outra vez. Mesmo assim, ainda hoje é possível perceber claramente que Ost (oriente) e West (ocidente) são lugares distintos. Os que viveram sob o regime soviético da DDR parecem, para os demais, subdesenvolvidos, "pobres", atrasados. Isso é velado, lógico, mas muitos não conseguem esconder a repulsa.

Durante o encontro, porém, ninguém chegou a esse assunto. Biermann fez apenas duas performances e um discurso irônico em relação ao pintor do quadro, já que os dois tiveram uma briga quando se conheceram, cinquenta anos atrás.

Com uma voz meio rouca, pausada e um ritmo que lembrava quase recitativos de óperas, ele foi apludido inúmeras vezes pelo modo sarcástico como conta sua própria história, sempre como se política fosse uma arte que nunca vai mudar o mundo, apesar de necessária.


O Fim

A cerimônia não demorou muito, só que o público ficou para trocar idéia entre si. Eu, como não podia perder a oportunidade, aproveitei a deixa dos jornalistas e cheguei até Wolf Biermann. A conversa foi curta e bastante amigável. Tiramos pelo menos uma foto, claro.

Infelizmente, não houve coletiva de imprensa. Nós poderíamos ouvir tudo, participar de tudo, mas não havia tempo para atender a todos porque se tratava de um evento de cunho político, extremamente reservado e promovido pela prefeitura de Berlim. Aqui, as coisas são um pouco diferentes. O acesso ao entrevistado, às vezes, acontece de um jeito meio estranho.

De qualquer forma, fui bem tratado e um dos poucos sortudos que estavam lá. Conheci gente da Reuters e de outros veículos de comunicação de nome esquisito... hehehe... Bom, a notícia está um pouco atrasada, mas a experiência foi única e eu queria dividir com vocês. Abraço!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Em Berlim


Bom, eu havia escrito um texto bacana sobre a viagem até Berlim, mas o computador acabou de apagar tudo. Deu problema no Internet explorer. Portanto, vai apenas a foto mesmo.


Cheguei no começo da tarde e já fui até o famoso Portão de Brandemburgo. Não dá para explicar a sensação. É como se tivesse feito parte da história do país. Bem perto do lugar, há um monumento em homenagem aos que tentaram atravessar o muro e que acabaram assassinados. E mais perto ainda fica a "Brasília" alemã, que é onde a famosa Ângela Merkel trabalha... heheh...
Amanhã renovo o gás e escrevo um pouco mais.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Da Holanda para Berlim


Fim de semana na Alemanha também é para visitar parentes e rever lugares. Ontem, por exemplo, fomos à Holanda, mais precisamente à Enschede. Heinz e Ulla já conheciam a cidade e me levaram a uma feira livre que acontece todos os sábados em uma praça central.


Apesar do dia nebuloso, o ambiente me lembrou o Brasil. Havia pelo menos uma dúzia de gente sorrindo ao mesmo tempo e uma gritaria gostosa de ouvir. Havia ainda uma dezena de barracas de comida (o queijo é bem conhecido na europa) e um peixe maravilhoso. Decidi comer só para provar (todo mundo come), mas gostei. Só estranhei um pouco o fato de todos pegarem tudo com as mãos sem luva, sem papel, sem nada. Enfim, faz parte da cultura, claro.


Aliás, os holandeses, pelo menos num primeiro contato, são bastante descolados, quase brasileilros. Na verdade, eles são o oposto dos alemães, que preferem uma vida reservada, cheia de privacidade e silêncio. Mas sabe, não diria que um é melhor do que o outro. Cada país protege seus costumes e vive do jeito que acha que deve, afinal.


Esta semana, a propósito, vou à Berlim, onde tenho um encontro com algumas pessoas da mídia, incluindo atores. É que de 11 a 21 deste mês acontece o Berlinale, festival internacional de cinema da capital. O evento deve reunir, segundo os jornais da região, quase 19 mil visitantes e mais de 400 filmes. Duas produções brasileiras concorrem na categoria Generation: o curta Avós (Grandmothers), de Michael Wahrmann, e Os Famosos e Os Duendes (The Famous and The Dead), de Esmir Filho.


Além disso, só para complementar, em 2010 o festival completa 60 anos de tradição. Espero escrever algo sobre isso. Até mais!


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Rumo à Holanda!


Como todos os dias por aqui, hoje tive muito o que fazer e, à noite, comi uma pizza com a família. Nada melhor, não é? Na verdade, não. O melhor está por vir. Amanhã viajamos para a Holanda. E sabe quantos quilômetros temos até o país? Mais ou menos 70, menos do que de Governador Valadares a Ipatinga. Pode? Perto demais.


A propósito, o laptop voltou a funcionar e por isso postei a foto. É lá do campus da universidade de Dortmund. Talvez amanhã ou depois eu coloque algumas da catedral de Colônia. De qualquer forma, na semana que sem estarei em Berlim e com certeza cheio de assunto e novas imagens, principalmente do Portão de Brandemburgo (Brandenburger Tor).


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Na universidade

Quando o trem até Dortmund parou na estação da universidade, hoje pela manhã, senti que deixei definitivamente muitas coisas para trás. Nada mais tem a ver com a minha imaginação, com a minha vontade de ter novas experiências, com a minha ousadia, com as minhas palavras amareladas, com o meu impulso quase infantil de sonhar demais. É tudo verdade, palpável, cara a cara.

Por alguns minutos fiquei sorrindo sozinho com as mãos apoiadas na janela. Fui quase um idiota, mas por aqui as pessoas não se espantam com isso. As idiotices têm sua razão de ser, afinal. Ninguém precisa explicar.

Depois, desci alguns degraus, subi outros, e estava dentro do campus da faculdade de jornalismo. Um amigo que me acompanhava, Daniel Drepper, também estudante de comunicação e conhecido dos Siebenbrock, acenou com a mão e nos dirigimos ao prédio mais próximo. Adivinha o que me esperava? Um seminário sobre notícias na web. Podia ser mais oportuno o assunto? Enfim...

A discussão foi em torno do surgimento de mais e mais blogs e twitters todos os dias e propõs as seguintes questões: devemos ensinar aos nossos alunos como usar essas ferramentas? Devemos criar uma disciplina específica que dê conta somente das revoluções tecnológicas e o avanço das mídias alternativas? De que forma a internet influência os outros suportes? etc, etc...


Frustração?

Almocei com a turma e muitas coisas foram novidade para mim. A principal delas é que quase ninguém fala da Escola de Frankfurt por aqui. Habermas? Que nada... Só que a explicação para isso é bastante plausível. Os autores mais clássicos da Teoria da Comunicação, para os alemães, são como Machado de Assis e José de Alencar para o brasileiros. Todo mundo já ouviu falar e conhece pelo menos um pouco, porém, nem sempre está lendo ou discutindo. Por quê? Porque a literatura, científica ou não, se movimenta, surgem novos talentos, novos temas a serem debatidos, novos paradigmas. No final das contas, eu até gostei de ter minhas expectativas frustradas.


Jornalismo universitário e especializado

Assim que saímos da cantina, fomos para o outro lado da universidade: seminário sobre esporte. Como o Daniel gosta de correr, ele quis se especializar nisso. Em Dortmund é assim, o estudante pode escolher entre política, cultura e outros. É quase uma espécie de pós-graduação que se faz durante o bacharelado em jornalismo. Bem interessante. Além disso, o curso demora mais tempo; em média cinco anos. Isso porque os alunos precisam se dedicar um ano ao voluntariado em jornais, revistas, sites, TVs, rádios ou assessorias. Nesse período, nada de aulas.

Como consequência da minha ida ao campus, acabei conhecendo os veículos de comunicação onde acontecem as aulas práticas e alguns estágios. Bom, resumindo é o seguinte: a rádio funciona e tem duas transmissões ao vivo por dia de notícias; a TV tem programação própria e telejornais ao vivo, mas não cheguei a conhecer os estúdios porque ficavam muito longe de onde eu estava; o jornal é quase sempre temático e envolve, inclusive, o que precisa ser melhorado na própria universidade. E tudo, mas tudo meeeeesmo, é feito pelos alunos.


Auf Deutsch (Em Alemão)

Algo certamente inesperado aconteceu durante a visita à Dortmund. Um dos alunos me convidou para escrevermos uma matéria juntos porque, naturalmente, meu Alemão é limitado. De qualquer forma, será em Alemão! Vamos publicar em um dos jornais locais. Mal posso acreditar. É muito para um dia só... hehehe...

A propósito, só para constar, a Alemanha não tem muitas faculdades de Jornalismo. Só em Dortmund, Leipzig, e outras duas cujos donos são empresários da comunicação que decidiram que querem formar seus próprios profissionais. Além disso, o diploma também não é obrigatório desde a Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas tomaram conta das mídias e fizeram delas o que bem entenderam. Era muito mais fácil deixar qualquer um escrever (quem fosse a voz do partido, claro) do que exigir conhecimento. E essa parte da história, infelizmente, ainda não teve fim.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Notícias e costumes

Para o alemão, pelo que pude perceber nos últimos dias, é quase regra ser apresentado a uma pessoa para ser amigo dela. Aliás, amigo não, um conhecido inicialmente e, depois, quem sabe, algo mais. É preciso obedecer um protocolo nas relações, sejam elas profissionais ou não. Isso, à princípio, me pareceu estranho. Fiquei, por exemplo, praticamente uma semana sem ter acesso ao jornal. O chefe precisou estar na redação para me receber.

Bom, agora estou mais adaptado e as coisas fluem com certa facilidade. Sei que não posso chamar qualquer um na rua de *você* e *tu*. É *senhor* e *senhora* acrescentado, claro, do sobrenome. Caso lhe tenham dito o primeiro nome, aí sim você pode tratar quem quer que seja de um jeito, digamos, mais próximo. Do contrário, não faça isso porque terá sido uma espécie de ofensa. Nós, brasileiros, jamais iremos entender. No entanto, respeitar é regra.

Por falar em regra, o famoso *chá das cinco* não é só costume de Inglês. É costume europeu. Aqui na Alemanha, as pessoas tomam chá todos os dias e eu também, afinal, acabei inserido na cultura deles. O cheiro é bom (ótimo!), o sabor um pouco estranho para um valadarense como eu, tão acostumado com refrigerantes... hehehe...

Aliás, a comida daqui me surpreendeu. É muito boa. Há pães e bolos de tudo que é tipo e o chucrute é simplesmente maravilhoso. Tem algo doce no meio. Comi umas duas vezes. Ah, e tem também uma carne aqui que chamam de Schnitzel que é PERFEITA! É um bife enorme e empanado de carne de porco.

Mas as refeições, de um modo geral, são até meio parecidas. Café da manhã dos alemães, por exemplo, sempre tem pão, marmelada, salames variados, aveia e chá. O gosto de tudo isso é que é outro e eles não comem tanta fruta. É coisa rara por aqui né... O almoço é que é realmente diferente. O costume é tomar sopa, comer batata cozida amassada (ou não) e macarrão. Nada de arroz e feijão. E se aí no Brasil é uma *desfeita* colocar sal na comida, aqui não só é normal como encaram isso, inclusive, como necessidade. Não é um desrespeito ou qualquer sinal de grosseria. Fique tranquilo... hehehe...

Já no jantar, tudo depende do momento. Se houver alguma comemoração, champagne; se for um dia normal, cerveja, vinho e água com gás. Além disso, alguns biscoitos e Wurst (linguiça, salsicha, etc).


Jornalismo

Quando caminhava de volta para casa, ainda ontem, me lembrei de como os valadarenses têm curiosidade em ver acidentes, saber quem foi preso com o quê, e de como os jornalistas precisam alimentar esse público porque, naturalmente, é a função mercadológica deles (ligeiramente social). Por aqui, só tive surpresas. Os espaços destinados a esse tipo de assunto são mínimos e em algumas edições nem sequer existem.

Mas não devemos nos iludir. Isso é um fato cultural. Na Alemanha, o que interfere na vida das pessoas não é o que acontece nas delegacias. É uma estrada interditada, um trem que atrasa, uma família que ficou presa no trânsito por causa da neve, etc. No inverno, as pautas sempre giram em torno do clima e das condições de tráfego. Todos querem saber se podem sair de casa no outro dia e como devem sair. Ou seja, não dá para fazer comparações. No Brasil, isso só seria matéria em época de feriado ou quando houvesse algum problema específico para ser mostrado. O leitor, ouvinte, telespectador não precisa se preocupar com um frio de -10.

Outro detalhe é que a violência aqui é catastroficamente desproporcional à do nosso país. Não existem roubos cinematográficos, crimes cruéis, crianças violentadas, quadrilhas. Enfim, vou parar porque o sono chegou. Inteh!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O jornal e o imprevisto

A gente nunca imagina, de verdade, que os imprevistos possam acontecer. Ontem, infelizmente, aconteceu comigo. Quando cheguei de Colônia, mais ou menos por volta das 20h, o windows do laptop war kapputt ( estava estragado). Estou usando agora um computador com teclado diferente e, portanto, é difícil escrever direito. Até cinco minutos atrás, por exemplo, eu não sabia fazer crase... heheheh... postar fotos será um pouco complicado também. Vou ver o que faço.

O importante é que hoje tudo aconteceu como esperado. Tive o primeiro encontro com o chefe da redação do Weltfälische Nachrichten (Notícias da Vestfália), senhor (aqui todo mundo é senhor alguma coisa) Stefan Kroes, e o jornalista que trabalha no escritório de Drensteinfurt, Dietmar Jeschke. Escreveram uma matéria sobre a minha visita e foram bastante solícitos para responder às dúvidas que eu tinha. Amanhã, claro, vou comprar um exemplar bem cedo... hehehe...

Aliás, muito oportunamente, surgiu o assunto de estágio e diploma durante a conversa. Bom, por aqui é como no Brasil. Há vários profissionais sem formação acadêmica no mercado, mas a maioria deles (praticamente todos) busca a universidade. Não é uma obrigação. É, talvez, um diferencial, digamos, ou um facilitador. Enfim... depois vou checar melhor isso. Quanto ao estágio, nem vou comentar demais: um profissional por estagiário. Quase uma orientação exclusiva, não é... ai ai...

Essa semana toda vou tentar encontrar assuntos interessantes por aqui e levantar algumas outras informações sobre Münsterland. Na sexta-feira vou à redação central, em Münster.

Hum... é isso... tenho sentido falta do calor, do sol e até de pessoas que nunca foram próximas...